História de Carmo do Cajuru MG
História de Carmo do Cajuru MG
Publicado em 08/02/2011 08:35 - Atualizado em 16/02/2011 09:04
Localização e Fundação - O povoado do Cajuru se localizou no ângulo formado pelo ribeirão do Empanturrado e pelo Rio Pará. Olhando da serra do Empanturrado ou da serra do Calhau, vemos que ele ficou localizado num planalto, a começar da descida da mesma serra do Empanturrado. De fato, diz Alfredo Moreira Pinto, falando sobre o Distrito do Cajuru, que em um planalto, próximo do rio Pará (Dic. Geográfico do Brasil, 1894). Entretanto, diz o Prof. João Maria de Melo num artigo enviado para Nelson de Sena em 1909: O Arraial de Carmo do Cajuru fica na encosta de uma colina, o que não está errado, considerando-se apenas a sede (Anuário Histórico – Corográfico de Minas Gerais, p. 542).
Originou-se com a construção da Capela Pública, requerida pelo Cap. Manoel Gomes Pinheiro, em área recém-adquirida dos herdeiros de João Teixeira Mendes, antiga posse de patrimônio público. A Capela foi construída dentro do antigo Distrito do Empanturrado, na encruzilhada da estrada que vinha da sede do Distrito, das Contendas e do Maribondo, rumo a S. Gonçalo do Pará e ao Espírito Santo do Itapecerica. Era um local privilegiado, no ângulo formado por um rio e um ribeirão, numa encruzilhada de caminhos. Duas cachoeiras, uma abaixo, outra acima da sede do povoado, completavam o privilégio da localidade, para a montagem de moinhos, monjolos e futuras hidrelétricas.
Com o fechamento da capela de Nossa Senhora das Dores do Empanturrado pelos Teles de Meneses, o nosso povoado desenvolveu-se rapidamente, absorvendo a freqüência daquela Capela. Em pouco mais de um decênio, o povoado do Cajuru se transformou em sede de Freguesia e já era Distrito de Paz em 1829. Em 1836 o povoado já tinha 27 casas cobertas de telhas e 12 cobertas de capim. Tinha três casas de negócio, que vendiam aguardente e uma loja de fazendas (SP, PP 1,18, Cx. 156, nº 9 – APM). Seu comércio já era bem desenvolvido.
De acordo com a lenda, antes da construção da nossa Capela Pública, em seu lugar havia uma capelinha coberta de capim, na fazenda dos Teixeiras, seus construtores, mas isso não passa de uma lenda mesmo (V. Templos Religiosos).
Comprovadamente, foi o Cap. Manoel Gomes Pinheiro o fundador do povoado do Cajuru, embora já existissem a casa dos Teixeiras de Carvalho um pouco abaixo da Capela, e a casa de Gonçalo Teixeira Mendes, na atual rua Gonçalos Chaves. Todavia, sem a construção da Capela Pública, não seria um povoado realmente e não cresceria.
Referindo-se à antiguidade do povoado, diz a revista Carmo do Cajuru, de 1948: Em 1715, Cajuru, como era denominado, já figurava no grupo das 20 freguesias que constituíam o antigo município de Pitangui. Cajuru ficava mesmo no grupo das 20 freguesias que compunham o antigo município de Pitangui, mas isso foi mais de um século depois, como vemos em J. Antônio Gomes da Silva (Escavações ou Apontamentos Históricos da Cidade de Pitangui, 1890, in Rev. do APM, VII, p. 712). A primeira capela das vizinhanças de Cajuru foi a de Santana do São João Acima (Itaúna), construída por Provisão de 9 de dezembro de 1750 (Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Sousa, História de Itaúna, p. 65). Em 1747, ano da nossa primeira Sesmaria, nosso município era sertão devoluto, como já vimos. O povoado do Cajuru foi o mais novo dos que se fundaram na região. Havia apenas a boca da mata, ou Cajuru. A Origem do Topônimo Cajuru - Cajuru é uma palavra indígena, que significa boca da mata (Caha – Mata; Yuru = Boca), em virtude de começarem aí as matas que margeiam o Rio Pará e o Rio Itapecerica, no dizer de João Dornas Filho (Itaúna – Contribuição para a História do Município, p. 108).
Na obra citada acima, a palavra indígena Caha está grafada Caa. A Forma que adotamos foi dada por Diogo de Vasconcelos (História Antiga das Minas Gerais, p. 139). Nelson de Sena também grafou Caha (Anuário Histórico-Corográfico de Minas Gerais, 1909, p. 542).
Quanto à etimologia da palavra está correto, mas quanto ao fato de aqui se chamar Cajuru, há uma lenda muito antiga, que justifica de outra maneira. Dizem que dois rapazes vindos de São Miguel do Cajuru, perto de S. João del Rei, vieram para cá em época remota e tomaram posse de uma fazenda atrás do Morro da Cruz, para lá da Água Espalhada e para baixo da Mangonga. Sua fazenda passou a se chamar Cajuru, por causa desses Cajurus. Os dois rapazes eram gente fina, e passaram a exercer grande influência nos moradores do lugar. Quando eles apontavam, o povo dizia:
- Lá vêm os Cajuru!
Com o tempo, o povoado acabou se chamando Cajuru, e a fazenda dos Cajurus ficou sendo Cajuru Velho.
Essa lenda era contada por Chico Jota (Francisco Batista Jota), nascido em 1884 e filho de João Batista dos Santos Jota, que foi morador, comerciante e político influente em Cajuru em 1882. Em 1844 já morava no Arraial, provando conhecer muito bem a história do lugar (L - 6 A, ACDD). E era gente mais ou menos culta! Chico Jota estava com 87 anos de idade em 1971, quando Lyrio do Valle, seu filho, gravou suas palavras históricas sobre Carmo do Cajuru, as quais já conhecíamos através do Dr. Geraldo Guimarães. Nosso ex-Agente do IBGE, José Dias Barnosa, é também conhecedor dessa lenda, que escreveu e o IBGE arquivou. É do conhecimento lendário dos nossos mais dedicados ao assunto que a palavra Cajuru se originou da vinda de dois senhores de São Miguel do Cajuru ou São Miguel do Cajuri, município de São João del Rei, que se radicaram no lugar denominado, atualmente, Cajuru Velho, deste Município. Posteriormente, um deles, o mais novo, se transferiu para esta localidade, então chamada Arraial dos Teixeiras, cujo nome se aprende no Grupo Escolar local, embora não haja documentos que o comprovem. Por serem ambos vulgarmente denominados de os Cajurus, o primeiro lugar onde se acomodaram tomou a denominação de Cajuru, mais tarde mudada para Cajuru Velho, em conseqüência do surto do Cajuru Novo, em lugar do Arraial dos Teixeiras, motivado pela radicação do mais novo de Os Cajurus, nesta localidade.
Como se vê, é a mesma lenda, apenas contada com palavras diferentes. Afastou-se bastante dos fatos comprovados por nós, mas ela tem algo de verdade. Vejamos: Manoel Rodrigues Guimarães tomou posse das terras do atual Cajuru Velho, depois de ter adquirido a sua Sesmaria da Mata do Cedro, em 1761, e a da Serra Negra, em 1766. Antônio Rodrigues Guimarães, que seria seu irmão, adquiriu também uma Sesmaria ao lado da sua, na Mata do Cedro também, em 1762. Aqui era seu caminho entre a Sesmaria da Serra Negra e a da Mata do Cedro.
Manoel Rodrigues Guimarães veio para cá, depois de morar no antigo município de São João del Rei. Não veio exatamente de São Miguel do Cajuru, como diz a lenda, mas o povo, de imaginação sempre muito fértil, pode tê-lo relacionado com aquela localidade, chamando-o de Cajuru. Observe-se que nos documentos encontrados não se fala em fazenda dos Cajurus, e sim em fazenda do Cajuru. Houve ainda Francisco Rodrigues Guimarães, que poderia ser irmão dos dois acima. Em 1755 já era dono da metade da Sesmaria do Empanturrado, como já vimos.
Entretanto, nós achamos que foi o próprio Manoel Rodrigues Guimarães quem deu o nome de Boca da Mata ou Cajuru à sua fazenda do atual Cajuru Velho, baseando-se na língua indígena. Sua fazenda começava nas cabeceiras da Água Limpa, atual São José do Salgado, e vinha até o Morro Grande, depois Morro do Cajuru e atual Morro da Cruz. As grandes matas da região começavam de fato ali, expandindo-se pela Mangonga, Contendas e Maribondo, não se falando das matas das margens do rio Pará. É legítima a denominação que recebeu.
Manoel Rodrigues Guimarães era um português de Santa Maria de Salto. Tinha de 51 para 52 anos de idade em 1769, tendo nascido por voltas de 1717. Não chegou a conhecer o povoado do Cajuru, fundado em 1823. Não foi por causa de sua freqüência aqui que a localidade recebeu seu apelido, se é que ele tenha freqüentado o povoado dos Teixeiras, antes da construção da Capela Pública.
No tempo da construção da nossa Capela, a fazenda do Cap. Manoel Gomes Pinheiro – fazenda do Cajuru, já vinha até aqui, margem esquerda do ribeirão do Empanturrado. Por isso é que na Provisão da dita Capela encontramos licença para poder erigir na dita sua fazenda uma Capela com o orago de Nossa Senhora do Carmo (V. Templos Religiosos). Na verdade, foi essa Provissão que mudou o nome de Povoado dos Teixeiras para povoado do Cajuru. Um detalhe importante é que, em 1785, o Morro Grande já era denominado de Morro do Cajuru, quando a fazenda já não era mais de Manoel Rodrigues Guimarães, o primitivo posseiro da fazenda (XXX 32, fls. 33 – AJP).
Os dois Cajurus da lenda devem ter sido descendentes de Domingos de Araújo Barbosa e seriam Fortunato Ferreira de Araújo, o mais novo, casado com Maria Teixeira de Carvalho aqui em Cajuru dia 28-8-1843, e o outro seria Ezequiel Ferreira de Araújo, que morava em Cajuru em 1835 e estava com 30 anos de idade. Fortunato Ferreira de Araújo era alfaiate e chegou a exercer o cargo de Escrivão Interino do nosso Cartório, em 1857. Ambos eram gente fina e educada, como diz a lenda!
O de que não há dúvidas é que o nosso Cajuru foi um empréstimo da Fazenda do Cajuru. Se é que os dois rapazes acima eram descendentes de Domingos de Araújo Barbosa, nada tiveram com o nome do povoado. O fato é que eles eram muito recentes na localidade, em relação à antigüidade da Fazenda do Cajuru.
Prof. Oswaldo Diomar
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por Portal da Câmara de Carmo do Cajuru